Tendo mapeado a origem e a natureza dessas fascinantes especulações, torna-se imperativo agora retornar às fontes históricas e canônicas. O que o contexto do judaísmo do primeiro século nos diz sobre o que um jovem judeu da Galileia, destinado a se tornar um Rabi, provavelmente estaria fazendo durante esses anos?

Esta autodesignação, registrada mais de 80 vezes nos quatro evangelhos, é um enigma teológico. À primeira vista, soa como uma declaração de humildade, uma ênfase em sua humanidade.

Para entender por que Jesus é chamado Filho de Deus, devemos começar onde o próprio Jesus e os apóstolos começaram: na Torah.

“A vós é dado conhecer os mistérios do reino dos céus, mas a eles não lhes é isso concedido. (...) Por isso lhes falo por parábolas; porque eles, vendo, não veem; e, ouvindo, não ouvem nem entendem.” (Mateus 13:11, 13)

Era a pena capital reservada para escravos, piratas, traidores e os piores criminosos provinciais. Um cidadão romano, em circunstâncias normais, jamais seria crucificado. Ao submeter-se a esta morte específica, Jesus não apenas sofreu, mas se identificou com os mais baixos, os deserdados, os amaldiçoados pela sociedade. Ele desceu ao ponto mais profundo da desumanidade para redimir a própria humanidade.

Tudo começa com a promessa retumbante de Deus ao Rei Davi, registrada em 2 Samuel 7. Deus promete a Davi uma "casa" (dinastia), um "reino" e um "trono" que seriam estabelecidos para sempre.

Desde os albores da relação de Deus com Israel, o sacrifício foi o meio estabelecido para a aproximação entre o sagrado e o profano, o santo e o pecador.

Essas passagens, entre outras, formaram a base para a doutrina da Trindade, a crença de que Deus é um em essência, mas subsiste em três Pessoas: o Pai, o Filho e o Espírito Santo. A declaração "Eu e o Pai somos um" (João 10:30) é vista como a chave para esta unidade de natureza.